Homenagem ao Rei do Baião
Dá licença seu doutor
Permissão para entrar
Eu venho de muito longe
Com a missão de convidar
Todos vocês pruma festa
Que vai ser de arrebentar.
Não é qualquer festa não
Vai ser ali no arraiá
Festança de aniversário
De um ilustre naturá
Que nem nós
Desse nordeste
Seu nome vou publicar.
Quem não conhece Luiz
O famoso Gonzagão
Que animou muita festa
Nas noitadas de São João
Cantando e alegrando o povo
Com a sanfona na mão?
Gonzagão tinha uma ave
No lugar do coração
Ave de arribação
E arribou dessas terras
Tentar sorte em outro chão.
No Sudeste e no Sul
Sofreu, mas desistiu não
Com sua cantiga alegre
Mostrou a toda nação
Pra que foi que ele veio
E ninguém esqueceu não.
Quando oiou a terra arder
Ele perguntou a Deus
Calado não ficou não
E Deus certamente entendeu
A sua preocupação.
Eu recordo um forró
Que fui com esse rapaz...
Deu a maior confusão
Chamaram o juiz de paz
Pra resolver o problema
Isso não esqueço mais.
É que no melhor da festa
Meu Deus! Isso não se faz!
Apagaram o candeeiro
E derramaram o gás.
Nas canções de Gonzagão
Paixão, chamego, xodó
O cabra que se gamou
Tem intensão das melhó
A beleza e a formosura
O amor sob os lençó
O arrastá das chinela
Noite inteira no forró
O cabra arrastando um trem
Pra uma no mei de cem
Tamborete de forró.
Esse jeito de Luiz
Descrever bela menina
Aparece muito bem
Quando canta Carolina
Ele diz do cheiro dela
D'olhar de ave de rapina
Que arrebenta o coração
Do vaqueiro na campina.
E a história de Samarica
Quando o rebento vem?
A distância é muito grande
Da pra ir até de trem
Mas o transporte é cavalo
Do veloz como não tem.
Corre estrada, passa rio
Lagoa, lago também
E a demora é tão grande
Que enquanto ela não vem
Dá tempo pisar o milho
E penerá o xerém.
É isso aí Gonzagão
Ai que saudade de tu
De ouvir umas canção
Como aquela de Xandu.
Eita lugarzinho feliz
É a cidade de Exu
Por ter filho tão ilustre
Cidade que love you
Pois de anos já vão cem
Inda não nasceu ninguém
Pra te substituir
Nem no Norte, nem no Sul.
Cabra com tanta coragem
Só nasce uma vez só
Corre pra ganhar o mundo
Com a sanfona e o gogó
Fica famoso e rico
Das banda de Bodocó
Quando saiu sem noção
Em cima dum caminhão
Tinha esperança só.
E a bagagem que levava?
A maleta era um saco
E o cadeado era um nó.
Por isso vim aqui convidar
A madame e o doutor
Porque foi S.João que disse
E S. Pedro confirmou
O Gonzagão é o rei
Que o baião inventou
Pegue logo o seu par
Que o forró já começou!
Maria Lúcia Ferreira Barbosa